Fiel escudeiro do governo, o deputado federal Danilo Cabral (PSB) revelou que a gestão de Paulo Câmara entrará numa nova fase com a aparição do socialista nos mais diversos municípios.
Dentro dessa nova “agenda de rua”, o governador já circulou pelas cidades de Carpina, Limoeiro, Bezerros e Petrolina. Segundo Cabral, os dois primeiros anos de Paulo Câmara foram focados na gestão para deixar o estado equilibrado financeiramente e conseguir enfrentar a crise sem maiores traumas. Agora é hora de sair do Palácio, “falar mais”, conceder entrevistas às rádios, inaugurar obras, assinar ordens de serviços e ouvir a população.
Em entrevista ao Diario de Pernambuco, quando foi recebido pelo vice-presidente Maurício Rands, Cabral enfatizou que não é momento de discutir o processo eleitoral de 2018, mas enfrentar os desafios, a exemplo do combate à violência e a redução da criminalidade no estado. O socialista defendeu o Programa Pacto pela Vida como uma política de governo que deu resultado até 2014, mas responsabilizou a redução da capacidade de investimento do estado, por causa de crise do país, e o aumento do desemprego como fatores que atingiram diretamente o programa estadual.
Danilo fez ainda uma avaliação do governo de Pernambuco e do governo federal, falou da expectativa de seu retorno à Câmara dos Deputados (em fevereiro) e de sua atuação como titular da Comissão de Educação, em Brasília. Também abordou o apoio de seu partido à candidatura do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM/RJ) e se posicionou sobre as reformas da Previdência e Trabalhista que serão discutidas em breve.
Entrevista
Danilo Cabral // deputado federal
Governo/PSB
Tenho uma avaliação que Paulo Câmara está fazendo um grande governo diante das circunstâncias que estamos vivendo. Não estamos numa situação de colapso como estão outros estados. Fechamos 2016 pagando os servidores rigorosamente em dia. Estamos com serviços públicos funcionando, a saúde e a educação também. O maior desafio hoje é a segurança pública. Fechamos o ano com R$ 2,5 bilhões de investimentos (2015/2016). Fizemos o dever de casa. Paulo foi a pessoa certa para Pernambuco atravessar esse momento do país. O domínio que ele tem da gestão ajudou muito.
Sucessão/2018
O governador Paulo Câmara não vai tratar da disputa de 2018 agora. Acho que ele está certo em não falar. É preciso não tirar o foco da gestão. Não é momento de cuidar da política agora. Sua obrigação é cuidar do estado através das ações. O governo de Paulo Câmara é um governo muito bom. Se isso não é reconhecido agora, mas será no próximo ano. O fato é que Pernambuco sairá mais rápido da crise dos que outros estados pelas circunstâncias que estamos conseguindo atravessar agora. Temos um estado equilibrado e os serviços públicos funcionando. Além disso, estamos apostando na qualificação profissional por meio da educação.
Interior/Governo
Num primeiro momento, o governador não pôde sair muito (viajar por Pernambuco) porque precisava organizar o estado. Mas agora o governo vai entrar uma nova fase. Vamos voltar a percorrer o estado para prestar contas do que fizemos nesses dois anos, fazer entregas e escutar a população. Foi dessa forma que aprendemos a fazer governo. Neste mês de janeiro, o governador já circulou pelas cidades de Carpina, Limoeiro, Bezerros e Petrolina. O governo tem ações em todas as cidades, talvez não na expectativa que imaginamos em função das consequências da crise, mas temos muitas obras sendo realizadas através do FEM, como reformas de escolas, abastecimento de água e obras de infraestrutura.
Pacto pela Vida
Não vi nenhum estado até hoje com outra política de segurança mais estruturado que o Pacto pela Vida. Não sou eu que digo isso, mas são especialistas que entendem do assunto no Brasil e no exterior. O Pacto foi premiado e deu resultados expressivos até 2014. De lá para cá, temos enfrentado muitos desafios. O fato é que a crise tem duplo efeito sobre o programa. Um é em função do número de desempregados no Brasil. Somente no Porto de Suape, 50 mil pessoas perderam o emprego. A segunda questão, que é mais importante, é a redução da capacidade de investimento. O Pacto, sob a liderança de Paulo Câmara, tem funcionado na mesma metodologia que funcionou com o ex-governador Eduardo Campos e apresentado resultados expressivos. Temos o diagnóstico. Sabemos cientificamente onde estão os problemas, qual o remédio que deve ser aplicado para cada situação. Durante os dois anos do governo de Paulo, aplicamos o remédio com resultados positivos. Entretanto, em função da crise, não temos mais os mesmos meios para enfrentamento do problema.
Câmara Federal
Voltei para ajudar o PSB. Fechei um ciclo de dez anos atuando como secretário estadual. Estou na Comissão de Educação da Câmara Federal e é um local que tem vida, é ativa. O debate da reforma do ensino médio foi importante. Ele foi aprovado no Plenário da Câmara e agora está no Senado. Votamos contra. Entendemos que a reforma é importante no mérito, mas tem um vício, que é o de passar atribuições para os estados sem apresentar mecanismos de sustentação. Os estados terão a obrigação de aumentar a carga horária em 1 hora no horizonte de cinco anos. Há 500 escolas integrais no Brasil. O governo propôs, num primeiro momento, dar uma ajuda no período de até quatro anos para implantação das escolas integrais. Apresentamos uma emenda e conseguimos aprová-las. Ampliamos a ajuda financeira do governo federal para um prazo de dez anos.
Governo Temer
É um governo que não está estabilizado. A expectativa que foi gerada com a efetivação de Temer na Presidência trouxe incertezas tanto na economia como na política. Se esperava que a chegada de Temer restabelecesse a confiança do país e isso não aconteceu até agora. A expectativa na economia foi frustrada. Há fragilidade com o mercado, na relação com a sociedade e até com a política. Vamos viver um ano muito difícil. Adiamos em um ano a perspectiva de crescimento de 2,2% para 2018. A fragilidade da economia reflete diretamente na dificuldade do presidente Michel Temer ter boa relação com a sociedade. Hoje temos 12 milhões de desempregados. Além disso, o presidente tem a rejeição da sociedade que tende a aumentar com o aprofundamento da crise econômica. O presidente vai enfrentar uma pauta sensível no Congresso, pois as reformas (Previdenciária e Trabalhista) vão mexer diretamente na vida do cidadão. O maior desafio do presidente é estreitar essa relação com a sociedade.
Reformas
Da forma como estão propostas, somos contra. Condicionamos o apoio a Rodrigo Maia (candidato a presidência da Câmara dos Deputados) que fizesse um debate mais ampliado da reforma da Previdência e Trabalhista. Somos a favor que tenha mudança, agora da forma como estão postas, não terão apoio do PSB. Não dá para destruir de uma hora para outra todas as conquistas. Uma das preocupações é com o pessoal do campo. Estamos há sete anos enfrentando a seca. O agricultor trabalhou, mas não colheu por conta da estiagem. Nesse caso, ele não terá direito a aposentadoria? Se é sobre o que ele faturou e ele não faturou nada ele ficará prejudicado? Não podemos admitir isso.